quarta-feira, 30 de julho de 2014

A Cobradora

Deixa lembrar como foi...
Deixei o carro no estacionamento do supermercado e sai para pegar o ônibus que vai a Cidade do Leste (Paraguai). Isso porque prefiro ir de ônibus ao Paraguai, por várias razões, principalmente, pela confusão com tantas moto-táxis e táxis, assim como pela dificuldade de estacionamento no centro e também para evitar o congestionamento na Ponte Internacional da Amizade.

Fiquei pouco tempo aguardando o ônibus no ponto, já fiz isso inúmeras vezes e sempre é rápido, só que dessa vez desceu do ônibus uma moça pela porta traseira e chamou para entrar por lá. Assim o fizemos, éramos uns três ou quatro passageiros e todos pagamos a passagem para a moça. No meu caso, que não tinha o valor exato da passagem, ela foi até o motorista e pegou dinheiro com ele para devolver meu troco.
Fiquei olhando e reparei que ela não girou a roleta, pensei: a roleta não deve estar funcionando.
Eu tinha dado uma nota de cinco reais e ela me devolveu três reais. Estranhei a conta certa e perguntei para ela qual era o valor da passagem e ela me respondeu que o valor era de dois reais e quarenta centavos (R$ 2,40). "Então estou devendo pra você" falei, ela sorriu e me disse: "Não, fica por isso mesmo". Pronto. Ai começaram minhas dúvidas.
O ônibus parou para alguém subir no seguinte ponto e eu aguardava para ver o que ia acontecer.
Nada igual, o novo passageiro subiu pela porta da frente, pagou ao motorista e girou a roleta como é de costume.
Descartei que a porta da frente e a roleta não estivessem funcionando e fiquei inventando hipóteses na minha cabeça para tentar explicar o que a moça tinha feito. Pois nessa altura dos acontecimentos queria uma alternativa para o que me parecia o mais plausível: Tinha algo errado e fui envolvido num esquema de roubo descarado que estava sendo feito na frente de todo mundo.
Nisso, já estávamos no último ponto antes de cruzar a fronteira e o ônibus tinha acabado de arrancar quando um passageiro decidiu descer, então a moça deu um sinal e ao sinal dela o motorista parou e permitiu que o passageiro pudesse descer. 
Observei que ela usava um tipo de bolsinha surrada na cintura, do tipo que um cobrador de ônibus poderia usar, então deduzi: Ela é uma cobradora auxiliar! Dentro da minha cabeça uma voz sussurrou: "Não acredito!..."
Já tínhamos atravessado a fronteira e o ponto em que eu ia descer estava próximo, pensei comigo: Não vou ficar com esta dúvida! 
Ao me aproximar dela disparei: Agora estão usando o sistema de cobrador ?  Ela ignorou, mas tive certeza que tinha ouvido.
Decidi fazer a pergunta em termos mais diretos para resolver minha dúvida e perguntei: Você trabalha na empresa?
Ela sorriu e me olhando simpaticamente respondeu: Não.  Imediatamente, a porta se abriu e ela desceu, misturando-se na multidão de pedestres de Cidade do Leste.


 FIM










OBS.
Fui até o seguinte ponto e desci também, tentando lembrar o que era que queria comprar, com isso me distrai, foi mais fácil para não julgar o que tinha acabado de acontecer, mas, ao mesmo tempo rabisquei alguns detalhes num papel, porque não quero julgar, mas, por algum motivo preciso entender e registrar.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Que tal um café?



Que tal um café ?
Prefiro algo mais refrescante rs, você quer café ?  
Será que tem café no barzinho ?

Que tal um café ?
Sim, claro, quando ?

Que tal um café ?
Adoro café! Sei de um lugar que faz um bem gostoso 
e tem um bolo de café e chocolate delicioso.


Que tal um café ?
Café ?  Sim, claro, por que não ?

Que tal um café ?
Ah, você  gosta de café ? Meu tio planta café, quando era criança ia passar férias na fazenda dele...
 
Que tal um café ?
Por que um café ?
Quem você pensa que eu sou?
 
Que tal um café ?
Pode ser! Quer experimentar o café que eu faço? 
Acho que você ia gostar...

Que tal um café ?
Não bebo café, chá, nada com cafeína, fico nervosa!
Prefiro água, sem gás. Não bebo água com gás.

Que tal um café ? 
Por mim tudo bem,  pode ser. Se você quiser, claro.

Que tal um café ?
Nossa, estava pensando exatamente nisso! 
Que incrível !

Que tal um café ?
Interessante, podemos pensar nisso, esta semana não.
A outra? Também não vai dar, vou ter que viajar...

Que tal um café ?
Olhando o mar? Adoro o mar, a brisa, a areia fina, o sol !
 A água deve estar deliciosa, você me convenceu!

Que tal um café?
 Como assim ? Você diz tipo ir num lugar...
 Só pra beber café e ficar conversando?!
 
Que tal um café ?
Café da manhã ?  Não sei porque pensei nisso...
Você diz: um café?  Sim... antes ou depois ?

Que tal um café ?
Hoje bebi muito café, foi estressante, fiquei irritada!
Não posso nem lembrar! Então, você quer um café ?

Que tal um café ?
Um café ? Legal! Hoje em dia os caras só querem ficar,
nem conversam, depois vê que não tem nada a ver.

Que tal um café ?
Hum?  Não entendi...
Onde você  tá ?!

Que tal um café ?
Um café? Pensei em algo mais demorado.
Que tal um jantar a luz de velas ?
 
 



FIM




domingo, 20 de julho de 2014

Antelope Canyon

Antelope Canyon

Um lugar com nome de página, Page, é a referencia para encontrar a entrada a um mundo de cores e formas caprichosas.
Perto de Page, no estado de Arizona (USA), fica "Antelope Canyon", um lugar onde as cores parecem ter sido aprisionadas na areia, durante milênios, criando uma dimensão em que você entra por uma fenda ou desce até uma estreita trilha.
A luz do sol penetra por estreitas fissuras, colorindo os paredões de arenito que se alçam em sinuosas e caprichosas curvas esculpidas pela água ao longo do tempo.
Você deve pensar que escrevo poeticamente, talvez tenha razão, mas, acredite, estou poupando adjetivos superlativos que seriam plenamente aplicáveis. Veja a seguir uma foto sem nada de Photoshop nem edição de imagem:

Esse lugar do qual estamos falando, "Antelope Canyon", fica numa reserva indígena dos Navajos e na verdade são dois lugares: Upper Antelope Canyon (Antelope Canyon Superior), apelidado de "A fenda (The Crack)" e Lower Antelope Canyon (Antelope Canyon Inferior), que os Navajos chamam "Hazdistazí", o que literalmente seria "Arcos de pedra em espiral" e virou "Saca-rolhas" (Corkscrew).
Nas  imagens a seguir, apenas olhando as entradas de cada um deles, você provavelmente ia acertar qual é o "Superior" e qual o "Inferior", talvez seria mais difícil dizer qual é qual pelos nomes em Navajo, pois os dois poderiam ser "A Fenda", mas, digamos que a fenda esta em pé e o que parece ser uma greta no chão é o "Saca-rolhas", um apelido que faz sentido quando você começa a descer e descer escadas.

O mais fácil de andar é o superior ("A Fenda"), é um passeio sem nenhuma dificuldade, o outro também não é difícil, pois a única dificuldade seria descer e subir algumas poucas escadas.  Em ambos vai apreciar formas e cores que ficarão na sua memória como sendo algumas das mais belas cores e caprichosas formas da natureza que você já viu.

As cores mudam de tons em alaranjado para tons violetas dependendo da hora do dia.
A luz entra peneirada, em verdadeiros feixes de luz, que o guia acostuma tornar quase tangível jogando um pouco da fina poeira do chão, criando algumas vezes figuras, como nas fotos a seguir:




Existe uma limitação nesses lugares, que espero não desaponte ninguém, mas, para conseguir ver as imagens nesse colorido intenso é necessário usar a máquina fotográfica ou cell como tradutores, como interpretes dessa realidade. 
A olho nu as cores são interessantes, mas, ao ver a tela da máquina percebemos uma intensidade que a olho nu não captamos, por isso é necessário ir com uma máquina ou com um celular, que ficam ligados o tempo todo e assim como uma lanterna na escuridão ilumina o caminho, assim a telinha da máquina vai nos mostrando as cores em nuances realmente impressionantes. 
Claro que as fotos resultam maravilhosas e é um dos lugares preferidos para quem gosta de fotografia.
Outro detalhe que chama a atenção é uma plaquinha de bronze na entrada, com os nomes de onze turistas que faleceram afogados no "Antelope Canyon Inferior" em 12 de agosto de 1997 devido a uma tromba de água repentina. Isso levou a um aprimoramento do sistema de resgate e de alarme.

Foi um lugar para poucos, mas é cada vez mais procurado desde que foi aberto ao público em 1997, porem, mantém a característica da trilha estreita, por onde são conduzidos grupos pequenos que respeitam uma certa distância, permitindo a cada um captar a sensação de ter adentrado numa outra dimensão.