Toledo Tapas Históricos

Toledo é uma cidade na Espanha, têm outras cidades com o mesmo nome no Brasil (Paraná e Minas Gerais), Estados Unidos (Illinois, Iowa,Ohio,Oregon e Washington), Colombia, Bolívia e nas Filipinas, no entanto, a Toledo espanhola é de longe a mais antiga de todas.

Sabemos que o povo que fundou Toledo foram os Carpetanos, que foram dominados pelos romanos num longo processo de muitas batalhas intermediado de tréguas, que durou mais de meio século e começou com o cerco de Toledo, capital dos Carpetanos, pelas legiões romanas comandadas por Marco Fulvio Nobilior no ano 193 a.c. (no link encontra a história completa).

Não tenho a pretensão de abordar a parte histórica, são mais de dois mil anos para contar o que aconteceu e não sou muito bom para resumir coisas importantes, nem aprecio a cruenta história de Toledo, rica em lutas e batalhas que desde os Carpetanos e os Romanos, passando pelos Visigodos, foi palco de conquistas e reconquistas entre muçulmanos e cristianos, que construíam catedrais sobre mesquitas ou estas sobre igrejas, dependendo quem dominava.

A história de Toledo é realmente cruenta, mesmo quando os muçulmanos dominavam lutavam contra os Mozárabes e já em outra época (1520) a guerra das comunidades de Castilha, manteve sobre bombardeio o Alcázar de Toledo até a vitoria das tropas de Carlos I.

Destacou-se nessa guerra Maria Pacheco, apelidada de Leona de Castilla, Brava Hembra ou Centella de Fuego (veja link com a história completa).

Como você está vendo, a história me prende, se encontro uma personagem como Maria Pacheco, me é impossível pular, mas, vou ser obrigado a ir até a Toledo de hoje, no século XXI.

Devido a sua proximidade de Madrid, apenas 71 km, Toledo é invadida todo santo dia por uma multidão de turistas, a grande maioria deles a visita no mesmo dia sem pernoitar, graças ao moderno serviço de trem que oferece mais de uma dúzia de horários na direção Madrid-Toledo e outros tantos Toledo-Madrid, ao preço de 12 euros, aproximado, numa viagem que dura quase meia hora. Sem contar o serviço de ônibus e excursões.

É uma verdadeira invasão. Confesso que não gosto de multidões, principalmente dessas que cada individuo têm uma máquina fotográfica a tira colo e quer aparecer na foto.

Pessoalmente fico aguardando o momento para tirar uma foto em que não apareça turista nenhum, mas, em Toledo é inevitável.

No entanto, descobrí como fazer isso!

Depois das 18:25 sai um trem e restam apenas dois, o penúltimo às 19:20 e o último às 21:30, que poucos turistas arriscam, mas, de qualquer maneira, às 21:30 a cidade fica completamente deserta.

Com um detalhe, toda a estrutura de bares e restaurantes, que atendeu à multidão diurna, continua aberta até depois da meia-noite. Pode escolher o bar ou o restaurante que desejar entre mais de 80 que têm na cidade, vai encontrar um bom serviço e um ambiente tranquilo.

Claro que os museus e as igrejas ficam fechados, a parte turística vira para o lado gastronômico e da enologia, que são dos meus favoritos (além de praias, cachoeiras, fotografia...)

Vamos então falar disso ?

Antes devo corrigir, a noite não oferece apenas o lado da gastronomia e a enologia, também são oferecidas visitas guiadas pela Toledo noturna que têm vários temas, incluindo os famosos personagens que nela viveram e suas histórias mostrando onde aconteceram os fatos, não posso dizer muito a respeito porque essa não foi minha opção nas únicas duas noites que pernoitei lá. 
No entanto, enquanto andava pelas ruas à noite encontrei um desses pequenos grupos e gostei da maneira cativante que as informações eram dadas pelo guia, acho que o dia que voltar não perderei essa oportunidade.

Em Toledo fiz o que todo turista faz, visitar o Alcázar (Biblioteca), a Porta do Sol, a Porta de Bisagra, a Catedral de Santa Maria de Toledo, e tirar fotos como lembrança desses lugares e de pontes medievais e fachadas de Igrejas e Mesquitas antigas, entre outros monumentos da cidade.

Muitas coisas importantes tirei foto e só fui saber o que era depois, em parte porque a sinalização é, digamos, bastante discreta, e como têm muitas coisas e você pensa que vai voltar depois de ver aquela outra e na frente aparece outra e mais outra e você acaba perdido no labirinto de ruas estreitas, sem se preocupar muito em saber onde esta,  porque esta ocupado tirando fotos e apreciando até o próprio labirinto. 
Quando digo labirinto, não é exagero, é uma cidade antiga num morro e as ruas sobem e descem, contornam em curvas curtas e vão sinuosas o tempo todo.

Se olhar de cima, por exemplo desde uma cafeteria que têm no último andar do Alcázar, comprova que a cidade é bem pequena e dá a impressão que pode ser vista sem muito esforço.

Estive lá em duas ocasiões, na primeira apenas durante o dia e na segunda voltei para pernoitar duas noites, ficando na parte do dia seguinte. Apesar de ter sido bem objetivo e não ficar muito tempo olhando as interessantes artesanias de espadas e, principalmente, o "Damasquinado" , sem esquecer do "Mazapan" (veja o link), não foi suficiente para ver tudo, isso durante o dia.

Durante a noite o que pretendia em Toledo era conhecer os diferentes ambientes dos bares e ir de Tapas durante as duas noites, até pouco depois da meia noite.

Explico o que é "Tapas" porque pensava que sabia e confundia com tira gostos, sim, são tira gostos que acompanham às bebidas, mas, são gratuitas. Você paga o vinho ou cerveja e ganha um tapa (rs).

Existe a expressão "Sair de Tapas" que não é briga nenhuma, apenas ir mudando e experimentando as diferentes tapas oferecidas por cada bar.

As "Tapas" são gratuitas, mas, têm também as porções e os "Pintxos" que esses não são "Tapas", ou seja, obviamente são tira-gostos mais elaborados, mas a diferença principal é que não são gratuitos.

Os "pintxos" podem ser "brochetas" que são os espetinhos, mas, também podem ser mariscos ou massas e tudo que você imaginar, sendo muito comuns os "montaditos" que são uma fatia de pão e um conjunto sobre ele preso com um palito, como estive em outros lugares da Espanha (Barcelona, Logroño, San Sebastian, Ribadeo, Oviedo e Madrid) tinha uma coleção de fotos de "Pintxos" e pretendia acrescentar algumas de Toledo.

Veja a seguir imagens para ilustrar os Pintxos (Essas fotos não as tirei em Toledo):

Sinceramente, acreditem, fiz um grande esforço para ir de Tapas, mas, as noites de Toledo, naquelas ruas desertas e com a iluminação toda evocando outra época, pegaram em cheio meu lado de fotógrafo. 

Sim, fui em muitos bares, mas, o principal foi a experiência nas ruas, a seguir vou colocar as melhores fotos que tirei para você ver:

A sensação nessas ruas era tranquila, não percebi nenhuma alma penada, muito pelo contrário, sentia uma atração cativante e agradável de estar percorrendo e fotografando com calma cenas que evocam um passado da cidade que foi a capital Imperial nos tempos de Carlos I e depois do Reino da Espanha, na época dos Reis Católicos, antes da corte ser trasladada para Madrid no ano 1563.

Claro que apenas duas noites foram insuficientes e não deu para percorrer nem a quarta parte dos bares de Toledo, porém, como adotei a estratégia de experimentar apenas uma tapa e partir para o próximo, sem contar o tempo fotografando ruas, acabei conhecendo lugares e deixo aqui para você os que achei mais interessantes com as imagens das "Tapas":

FIM

P.S.
Estava esquecendo que teve uma alma sim, ela ficou insistindo comigo para ir no "Museu del Aceite", que não é algo que tivesse a ver comigo, pior, na manhã do último dia, tendo que viajar nesse dia para Madrid para retornar ao Brasil.
Mas, o tal "Museo del Aceite" não saia da minha cabeça e lá fui eu pegar meu mapa para entender o labirinto de ruas.
Cheguei no tal Museu e fui logo perguntando se a entrada era paga, que se fosse não entrava, mas, a moça me disse que era uma loja, com degustação.
Bem, se é de graça e têm degustação não custava nada entrar e dedicar um tempinho já que tinha chegado até ai.
Entrei e a moça começou a falar sobre qualidades de azeite e confirmei o que já sabia, eu não entendia nada de azeite. Mas, a medida que ia ouvindo vi que era algo parecido com o café, tinha variedades que influenciavam na qualidade, a época de colheita, o processo de beneficiamento, entendi que a questão da acidez era relacionada com o teor do ácido linoléico (Omega 6). Achei um mundo paralelo com o café. Muito interessante.
Aliás o "Museo del Aceite" é um lugar imperdível para quem visita Toledo, principalmente mulheres, têm aplicações que obtêm resultados bons na parte de beleza, claro, não é qualquer azeite (veja link).
Ah, e falam português (Brasileiro).
Ao sair do Museu sentí que tinha ido a esse lugar por uma razão que estava acima do meu entendimento.
A alma em questão devia ser a minha.

OBS. 
As duas fotos que mostram a cidade com o rio Tejo são da internet.
As fotos das ruas foram das poucas que prestaram de uma grande quantidade que tirei, mas, o problema foi a falta de tripê ou apóio adequado e a grande maioria saíram tremidas, aliás um tema que vou colocar na próxima postagem.