sábado, 4 de fevereiro de 2012

Seletividade

Deixa entrar no impossível, para mostrar uma característica dos fatos.
Você, vamos supor, prefere um certo shampú ou condicionador de cabelo. 
Você esta lá no super mercado com seu carrinho de compras, pensa que precisa o tal shampú e vai no setor onde ele fica, mas, quando ele vê você ele se esconde. Você tenta pegar e ele foge. Você coloca ele no seu carrinho e ele fica igual um prisioneiro, resmungando e planejando escapar.
Vamos imaginar outra situação. 
Aquele barzinho que uma mulher como você gosta, certamente seria um dos seus lugares favoritos, pelo serviço, a decoração do ambiente e o jeito que sabem preparar as bebidas, sem contar os tira-gostos (appetizers) e a música, tudo de bom. 
Imagina que numa sexta-feira você veste aquele vestido novo, vai lá com uma boa companhia, o Geraldo, um cara muito interessante, chegam na entrada e tem um empregado que não deixa vocês entrar. 
Por que ? Não fez reserva. Tá certo que você tinha um certo tempo sem frequentar o lugar, mas, nunca antes teve que fazer reserva e nem sabia que o lugar tinha um empregado na porta verificando isso. Outros vão chegando e ficam também surpresos, mas, falam com o tal empregado que são primos do dono, Sr. Gonçalo, e ai o empregado os deixa entrar ! 
Vocês dois reclamam com o empregado, como é possível que os que chegaram depois entraram e também não tinham reservas, só que agora o empregado diz que lotou, não tem mais lugar. 
Você não acredita que isso esteja acontecendo, tenta manter o bom humor para não azedar a noite, mas, isso só pode ser um pesadelo, aliás, você lembra de algo muito estranho que aconteceu quando estava se vestindo. 
Aquele vestido que você esta usando, ele se recusou a ser vestido. Agora você lembrou, puxa, foi uma batalha, quase que rasga ele para poder vestir, um vestido novo que você adorou quando comprou.
Inacreditável.
Pois é. 
Na vida real nossas escolhas nunca nos recusam.
Que alivio !  
Lidar com escolher já é tão difícil, ainda bem que uma vez escolhidos não podem nos recusar.
Pelo menos as coisas.
Tem escolhas que temos que passar por uma seleção, um processo de concorrência com outras pessoas que fizeram a mesma escolha que nós. A entrada na Universidade, no Brasil, é assim. 
A vaga por um emprego também pode ser assim.
Claro, a seleção de um parceiro, namorado ou esposo, também tem algo a ver com isso. Com o que? Dependendo do momento pode ter a ver com a concorrência ou até com a situação do shampú (rsrs). 


A gente dá tanta importância às nossas escolhas, que pouco pensamos até que ponto é natural exercer esse "direito".
Até que ponto estamos sendo "manobrados" pela indústria do consumo. 
Me diga uma coisa, quantos shampús tem no seu banheiro ?
Tudo isso !?rsrs
Agora, me diga, precisa de todos eles ? Acho que corro o risco de ouvir que sim (rsrs).
As diferenças podem parecer importantes, no final das contas um shampú sabor pêssego é bem diferente de outro sabor hortelã. 
A questão é: Por que um shampú tem que ter sabores, se ninguém vai comer eles ?
Ahh, o cheiro. Claro, mas na hora que uma mulher está com a cabeça cheia de espuma, dentro de um banheiro, será que faz diferença ser pêssego ou hortelã ?
Talvez seja falta de sensibilidade da minha parte rsrs.
Sabe, a enorme oferta de opções pode ser uma jogada do consumismo. 
Para isso, a indústria do consumo, deve ter valorizado o momento de escolher. Tudo indica que foi. Foi de tal maneira que nós defenderiamos o direito de escolher custe o que custar.
O outro dia assistí um vídeo criticando a grande oferta de produtos semelhantes e, no fundo, essa questão de escolher. 
Pessoas que moravam em países onde a diversidade nos super mercados era pouca, passaram por um stress quando o capitalismo chegou com uma infinidade de produtos.
Comprar qualquer coisa passou a envolver uma decisão.
Vou colocar aqui o video, apenas para ilustrar o paragrafo anterior e a ideia da "ansiedade" que uma escolha pode provocar, mas, o video descreve uma percepção diferente e pode até "chocar" um pouco. 
Não tem legendas em português e o inglês tem um sotaque diferente, apesar disso fica bem claro, pelas figurinhas rsrs.  Obviamente, vai perceber que tem uma ideologia rsrs.  


Sim, toda escolha é uma decisão. Para mim toda decisão é estressante, mesmo que não perceba.
Tem vezes que fico com certa culpa. 
Por que ?  é assim: Vamos supor que você esta de turista num país da Europa e decide ir no teatro, dá uma olhada no que esta sendo exibido e entre as alternativas escolhe aquela comédia. Fica se perguntando se vai entender as piadas no outro idioma, mas, seu domínio é bom e decide ir. Vai fazer isso depois de visitar um museu que tem vários quadros de Monet, porque você adora o impressionismo. Tudo bem.
Como dizem nas receitas de cozinha: reserve para o molho.
Vamos supor que é solteira e esta escolhendo um parceiro. Tem dois indivíduos escrevendo para você, um gosta de teatro, tem umas fotos dele em outros países e diz que sabe falar 3 idiomas. Tem curso superior completo e exerce a profissão dele.
O outro pretendente nunca teve oportunidade de viajar fora do Brasil, não gosta de teatro e também não tem as outras coisas.Você até agora não esqueceu o comentário dele, quando você contou que tinha visto originais de Monet e adorava o impressionismo. Ele disse: "Eu também gosto de ver o impressionismo pela questão monetária e assim como você gosto de ver o original, já vejo que temos gostos parecidos."   OK.
Aquilo que tinha reservado, nem é mais necessário dizer como é para usar. 
Por isso sinto uma certa culpa. Os níveis, os desníveis.
Lógico que não é para sentir culpa.
É mais, sua "psicanalista familiar" já deve ter dito: "Querida, não sinta culpa nas suas escolhas. Seja feliz".
O duro é descartar, é deixar de lado, ignorar. 
Imagino que seja duro, sei lá. Não é não ?
Alguma vez pensou algo equivalente a: "Tomara que esse danado de shampú de pêssego seja bom mesmo, porque tive que deixar o de sabor hortelã lá na prateleira e ele fez uma carinha muito triste". (rsrs)


Falando disso, desliguei o MSN, já tem tempo, sabe por quê?  Pode ser que tenha outras razões, mas, a ficha caiu com o fato de que sempre ficava naquela opção de “invisível". 
Quando conversava com alguém, mantendo o status de "invisível", parecia que estava me escondendo.
Estava, de ninguém em particular, mas não queria dizer "não" para alguém que me procura-se naquele exato momento para conversar.
Por que não aceitaria outra conversa paralela?
Acho que têm a ver com os neurônios masculinos, eles querem tratar de um assunto de cada vez, não consigo fazer muitas coisas simultaneamente.
Um "oi" não posso deixar de responder, é uma questão de educação rsrs.
Obviamente, um "oi" sempre puxa algo a mais.
Se duas pessoas querem conversar comigo, lembro -na hora- daqueles malabaristas de circo.
É como manter os diálogos girando no ar, respondendo um e pegando o outro, a ser lançado rápido porque a replica e a treplica estão voltando.
Acho que uma mulher tem a capacidade de manter conversas múltiplas e simultâneas, além de estar assistindo um programa na TV e mais umas duas outras atividades quaisquer. 

Eu não. Dá para controlar o mouse, usar o teclado, olhar o monitor e me concentrar numa conversa rsrs, duas não, se fosse o mesmo assunto até daria, mas, nunca é o mesmo assunto.

A solução era ficar no status invisível. Até que deixou de fazer sentido. Por isso não tenho mais.
Alguém perguntou isso? rsrs




SELETIVIDADE
Acha que é coisa boa ?
sim, é útil, mas incomoda muito.
Não a use e vai ser divertido, no começo,
vai perder o tempo, no final.
Sempre se perde o tempo,
melhor divertir-se, então,
sim, depende da idade e dos níveis.

Filtros seguram o pó-do-café,
seguram as poeiras do ar-condicionado,
deixam a água mais pura,
um filtro solar ajuda a não queimar.

Os níveis são filtros,
nível cultural, ético, social,
sim, o econômico também,
Os gostos e preferências também são filtros.

Seletividade é escolher numa prateleira,
pela cor, pelo gosto, pelo preço a pagar.
Seletividade é escolher o que quer,
pelas vivências,pela carência psíquica e o passado.

Seletividade é também descartar,
ignorar, deixar de lado, não-pegar.

Seletividade é buscar satisfação, a sua,
agradar seus gostos e preferências,
querer correspondência nos modos,
questão de educação, comportamento e atitudes.

Seletividade tem efeitos colaterais,
é isolamento, é um certo custo, um esforço a mais.

Não ? Tudo bem.


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