sábado, 14 de maio de 2011

O Individualismo Romântico

O individualismo, como comportamento humano, é um resultado da vida moderna. As mulheres estão estudando e seguindo cursos nas universidades, antes de se formar ou depois de formadas entram no mercado de trabalho e o dinheiro que ganham representa uma  independência financeira.

A independência financeira permite estruturar o lugar onde moram e desenvolver as atividades que mais gostam. Tudo isso são escolhas individuais que exigem tempo, é tempo consumido no transporte, na sala de aula, no estudo, nas atividades da universidade, na procura de um apartamento, na montagem desse lugar, além do tempo para comprar o necessário da manutenção básica (alimentação, vestuário e apresentação feminina, higiene, descanso), sem contar tempo de comunicação, exercício físico, diversão e hobbies (telefone, Internet, academia, cinema, música, artes, viagens, etc).

Vamos falar agora de mulheres que nasceram antes de 1945. Hoje elas estão comprando nas lojas, andando na rua, indo nos shoppings centers, mas, são mulheres que nasceram e viveram outro esquema de vida. Na  época delas  não era comum a mulher estudar na universidade e elas demoraram para entrar no mercado de trabalho, com isso sobrou muito tempo, que dedicaram a uma vida em família. Tiveram tempo para dedicar a um esposo, à casa, aos filhos. O conjunto enorme de mulheres vivendo nesse estilo de vida fortaleceu um padrão, que era o padrão existente: a mulher romântica, que sonhava com um homem para casar.

Esse padrão e estilo de vida da mulher romântica sofreu um baque em alguns lugares do mundo, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, hoje nós não temos uma lembrança de como foi viver na época dessa guerra, somente fazemos uma ideia, porque nascemos depois dessa guerra. A guerra acabou há mais de 65 anos, mas, foi por causa dela que a mulher deixou a casa e teve que ir para as fábricas, porque os homens foram aos campos de batalha. 
Sabemos que era a década dos anos quarenta, algumas vezes esquecemos o que significa. A televisão e o telefone ainda não existiam comercialmente. Não existia caneta. Calculadora portátil nem pensar. Pode ? Dá para imaginar ? Foi nessa época que o romantismo começou a dar lugar a outro padrão, sem que ninguém entendesse bem isso, porque ser romântico era o normal, viver uma vida a dois era o normal, casar era o sonho de toda mulher.

A guerra acabou, mas, foi como se a industria tivesse percebido que a mão de obra das mulheres estava disponível ou como se as mulheres tivessem percebido que as fábricas estavam acessíveis.

Imaginemos uma Europa sendo reconstruída, falta de mão de obra masculina por todos lados. Uma era industrial descobrindo novos produtos e o comercio avançando como nunca antes. A mulher definitivamente entrou para o mercado de trabalho, sem volta, mas, o padrão ainda estava vigente, os filhos para cuidar, a casa, o maridão acostumado a ser atendido. Apareceu a dupla, a tripla jornada de trabalho da mulher. Era necessária uma Super-Mulher.

Era algo insustentável para qualquer ser humano, a mulher não aguentou e começou uma revisão geral do papel feminino e masculino. O homem deixou de ter o exclusivo papel de provedor, a mulher precisava ajuda nas tarefas que antes eram dela, antes, quando ela não trabalhava fora.
Obviamente os homens demoraram para entender a questão. Era mais cómodo e confortável a mulher fazendo tudo na casa e cuidando dos filhos. 

O mundo é muito grande para algumas coisas. Nessa questão dos direitos da mulher, o mundo foi uma colcha de retalhos. Podemos considerar a origem da nova situação como sendo nos países que entraram maciçamente na segunda guerra mundial. 

Eram as potencias do mundo que entraram em conflito. Ao terminar, eram as mulheres das potencias mundiais que estavam questionando direitos. Quando conseguiram aberturas, foi para todo o género, não foi só para as americanas. 

Em todos os países de Latino-América, nos povoados mais diminutos, onde a mulher continuava sem trabalhar fora, completamente dentro do padrão anterior, a coisa começou a mudar, pouco a pouco, o machismo foi questionado duramente, um novo padrão começou a avançar.

Hoje, o padrão esta implantado, mas, por incrível que pareça, a maneira de pensar de muitas mulheres modernas ainda é no padrão romântico, não foi abandonado o sonho de casar e de encontrar um homem.

A filosofia da maneira de viver moderna é muito individualista. É individualista pelo tempo que é necessário para dar conta de uma profissão e do trabalho, além de todas as outras coisas que foram mencionadas acima. Vejo que começou uma luta ideológica. A última fronteira do romanticismo é, paradoxalmente, a protagonista das mudanças, a mulher esta agarrada ao sonho. A mulher é a última fronteira do padrão romântico.

Eu estou solidário a esse sonho. Sou declaradamente um romântico. Ainda que entenda o contexto das mudanças, muito resumidas acima, mas, não acredito que o padrão completo esteja obsoleto, acredito numa terceira via.

Entendo que a mulher moderna é inquestionável, os direitos estão conquistados, não tem volta é uma questão de consolidação, mas, tem algo no padrão romântico que existia na mulher dependente e que não era por ela ser dependente. O amor. 
O amor é maior que o romanticismo. O individualismo vai ter que engolir o amor !


Sou a favor do individualismo, da mesma maneira que sou romântico. Sou individualista porque sou independente, porque posso viver minha vida sem uma mulher, mas, sou romântico porque não abro mão de uma mulher na minha vida.


O individualismo encontra o romantismo na companhia de dois indivíduos que se gostam, que desfrutam da vida, que criam juntos projetos de vida. 
Existem projetos de vida que é melhor desenvolver a dois, por exemplo, a criação dos filhos, mas, de uma maneira geral a união cria força para vencer obstáculos e conseguir um nível de vida melhor e mais estável, desde que a escolha dos parceiros seja boa.


O individualismo romântico é a união estável de dois indivíduos, unidos pelo amor, respeitando suas individualidades, tolerando as diferenças, desfrutando seus pontos comuns, fortalecendo um ao outro nos pontos fracos, com sexo, amizade, cumplicidade, alguns projetos em comum, apoiando-se na evolução para ser indivíduos melhores.



Um comentário:

*Laudi* disse...

Concordo plenamente! Não nascemos para sermos sozinhos. Se eu decidisse, hoje, ser individualista, certamente que me tornaria uma pessoa solitária e, consequentemente, fria e egoísta. O egoísta não pensa no outro, pensa em si só. Mas como tudo deve haver um equilíbrio, vemos que o romantismo, originário do amor, vem em socorro do homem e da mulher, quando esses já perderam as esperanças de encontrar alguém romântico, aquela pessoa que valoriza o outro, que dá atenção, que transmite aquilo de bom que cada um, individualmente, necessita.