segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Maiorias e Minorias


Ontem a parte Cristã deste planeta esteve em festa comemorando o Natal.
Aqui no Brasil houve as tradicionais celebrações religiosas e muitos foguetes, na América do Sul, de uma maneira geral, pode ter certeza que houve foguetes, fogos de artificio, na noite do dia 24.
Na América Central garanto que também houve.
No México também, é certo como 2+2 = 4.  Foguetes ? São fogos de artificio com muito barulho.
Explosão de alegria em festas e celebrações religiosas em todas as igrejas cristãs de quase um continente inteiro. 
Desde a Patagônia até o México, incluindo o Caribe, são mais de 25 países. Sem contar os outros continentes.


Imagino que visto do espaço o "foguetório" deve ser um espetáculo, como um rastilho de pólvora iluminando os céus.  
Durante 5 horas, começando pouco antes da meia noite no Brasil e Argentina, países mais ao leste, e seguindo os fusos horários até chegar à meia noite do México.
O povo em festas, ceias de Natal, troca de presentes, cultos e misas, foguetes, telefonemas e milhões de mensagens.
Você não fica emocionada ? É empolgante e maravilhoso, não é ? Acontece comigo também, porque faço parte da maioria que está comemorando.

Pensei, por um momento, como seria se nesse dia estivesse num país onde a maioria fosse de outra crença ?
Se estivesse num lugar onde fizesse parte da minoria, acho que teria que conhecer o ambiente, não abriria mão da minha crença, mas talvez seria mais discreto, dependendo da relação que houvesse com a vizinhança rsrs

Pensar nisso é tão distante para nós, acostumados a manifestar nossa crença sem o mínimo constrangimento do que achem os outros, porque aqui fazemos parte da crença da grande maioria.

É difícil sentir como seria se estivesse num país islâmico ou de outra crença onde um cristão fosse a minoria. Hoje tem países assim, sabemos disso.
Na história do cristianismo houve um momento em que eles foram uma minoria no mundo.
Sabemos das perseguições que sofreram. Dá para imaginar ? Ficar presso por ser cristão ? Não apenas isso, mas ser condenado à morte !  Inúmeros mártires, seres humanos que morreram por uma causa. A causa Cristã.


Estamos indo numa viagem no tempo...


Era o mundo do Império Romano, onde os conquistadores não ligavam muito para as crenças dos povos dominados. 
Os dominavam territorialmente, faziam escravos, pegavam suas riquezas, os dominavam politicamente, militarmente, comercialmente, mas, deixavam que continuassem com suas crenças.

Isso não importava muito para os Romanos que, na primeira década do século 300 d.c., estavam mais preocupados com as próprias batalhas na terra para unificar o poder do império.
O confronto principal era entre Constantino, já proclamado Augusto e César, governador de uma parte enorme do Império Romano (Britânia, Gália, Germânia e Hispânia) contra Magêncio, proclamado Imperador de Roma.
A batalha decisiva entre eles teve lugar no dia 28 de outubro do ano 312 d.c., perto de  Roma. Segundo a tradição, na noite anterior ele sonhou com uma cruz e nela estava escrito "In Hoc Signo Vinces", em latim:"Sob este símbolo vencerás".  Ele mandou pintar a cruz nos escudos dos soldados. Venceu a batalha.

A partir do Imperador Constantino I, as coisas começaram a mudar, completamente, para os cristãos . Inicialmente, Constantino I manteve os símbolos do deus Imperial Sol, mas, após o ano de 317d.c. passou a adotar símbolos cristãos, como o "Chi-Rô" que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo.
Antes de Constantino I os cristãos já tinham uma estrutura na parte oriental do mundo conhecido, mas, eram uma minoria no ocidente. 

Obviamente, com o Imperador Romano adotando os símbolos cristãos, de repente, houve adesões em massa. Todos entendemos isso rsrs.

No entanto, naquela época havia debates teológicos e a igreja cristã discutia temas que hoje não se discutem mais.
Para se ter uma idéia, no ano 319 d.c. Ario (Arius) tinha uma polêmica com o Bispo de Alexandria (Cristão), Ario defendia que só existe um Deus e Jesus é seu Filho, mas não o próprio Deus.
Era conhecida como a causa Ariana.

Evidentemente, as discussões religiosas criavam um clima inconveniente a partir do momento que passou a ser a religião do Imperador, num mundo acostumado aos deuses pagões e que qualquer romano sabia quem era Júpiter, Juno, Minerva, Hércules, Diana, Vênus, Qirino, Afrodite e inúmeros personagens da mitologia, inclusive sabendo as histórias deles e onde ficavam seus respectivos templos na cidade. 
Todos deuses ou filhos de deuses.

Era urgente chegar a um consenso se Jesus era divino e apresentar algo que a maioria do povo aceita-se sem problemas.

No verão do ano 325 d.c. os bispos compareceram ao Primeiro Concilio de Niceia, o próprio imperador esteve presente e foi Presidente de Honra. 
A questão Ariana foi discutida longamente e depois houve uma votação, com 300 votos a favor da divindade de Jesus, apenas dois votos contrários. Os que votaram contra foram exilados.
Interessante, uma questão resolvida democraticamente, cada ponto de vista defendido eloquentemente e depois uma votação, ou seja: direito a voz e a voto livre. 
Porém, os que votaram contra foram exilados, coisas da época.
Assim ficou resolvida a questão Ariana. 

Alguns atribuem a definição da data do Natal a esse concilio. 
O que consta é que o Primeiro Concilio de Niceia também se posicionou em relação à data da Páscoa, mas as diferenças a esse respeito continuaram na prática.
O que sim é um fato é que a data de natal era utilizada em comemorações pagãs, muito antes do nascimento de Cristo.

Os egípcios e outros povos pagãos tinham avançados conhecimentos astronômicos e, como consideravam que o Sol era um deus, comemoravam os solstícios e datas especiais relativas ao movimento solar.

Na época de Constantino I  o deus oficial dos romanos era o deus Sol Invictus, cujo culto foi oficialmente decretado pelo Imperador Aureliano no ano 270 d.c. e perdurou até o 317 quando Constantino I passou a usar os símbolos cristãos.

Pode ser que a data de natal tenha sido "adaptada" para que os romanos, daquela época, aceitassem mais facilmente o cristianismo, fazendo coincidir com eventos astronômicos, como acontecia com Horus dos egípcios ou Mitra da mitologia Persa, ambos nascidos no dia 25 de dezembro.

A data de nascimento de Jesus pode não ter sido no dia 25 de dezembro, de acordo com Henry Bettenson no seu livro "Documentos da Igreja Cristã" ela teria sido na festa dos Tabernáculos, no mês de outubro. Segundo outros historiadores teria sido no mês de Agosto, baseando-se nos dias em que foi apresentado no templo.

Será que os primeiros cristãos não sabiam disso ? 
Bem, a contagem do tempo não era tão fácil. As medições eram baseadas em ciclos lunares.
Tinha uma numeração "AVC"(Ab Vrbe Condita") que usava como base a fundação de Roma. 
Depois começou outra conta baseada na posse do Imperador Diocleciano, até que o monge católico Dionísio (O Pequeno), no que para nós seria o ano de 523 d.c., decidiu efetuar a contagem a partir do nascimento de Jesus.
A contagem dele é a que estamos usando até hoje. Só que ele considerou que Jesus tinha nascido no dia 25 de dezembro do ano 753 AVC e assim começou o ano 1 no dia 1º de janeiro do que era o ano 754 AVC, porém, o monge Dionísio cometeu um erro e o ano de nascimento não era bem aquele (veja o Link nas OBS.).

A data do Natal terá sido uma manipulação de informações de quem estava no poder ?  
Sendo a mesma data de nascimento de deuses pagões teria atendido melhor às suas conveniências? 
 A data parece apropriada a uma continuação das crenças existentes naquela época, algo conveniente para evitar mais turbulências num império em conflito.  

Quais foram as negociações para chegar a um acordo ?

Constantino I foi um imperador muito bom para a igreja católica romana, consta que teria doado à igreja católica terras e prédios dentro e fora da Itália, no documento denominado "Doação de Constantino" e cuja legitimidade é questionada.

É bom que saibamos de tudo isso.


Muda alguma coisa muito importante ?  Caso seja comprovado, não muda nada do que é realmente importante. 

Não muda uma vírgula da mensagem de Jesus.

Continuarei comemorando o natal como sempre, porque não comemoro uma data, isso é secundário, o principal é o evento a ser comemorado, o nascimento de Jesus. 

Sua mensagem e seu exemplo são atemporais, eternos.









OBS:
A continuação os links para maiores informações
Arius e a controvérsia Ariana
Sol Invictus
Imperador Constantino I
Batalha da Ponte Mílvia
Primeiro Concilio de Niceia
Mitologia : Mitra
Henry Bettenson e data de nascimento de Jesus
Doação de Constantino
A Contagem do Tempo antigamente
Nascimento de Jesus

Aqui entre nós, deu trabalho juntar isso...rsrs











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